sábado, 3 de julho de 2010

Ao pretendermos estudar a televisão como meio (e suporte) de comunicação, surge a primeira reflexão sobre a forma e conteúdo deste meio difusor de uma cultura de massas.

Para Edgar Morin, é a cultura "produzida segundo as normas maciças da fabricação industrial; espalhada pelas técnicas de difusão maciça; dirigindo-se a uma massa social, isto é, um gigantesco aglomerado de indivíduos que está aquém e além das estruturas internas da sociedade (classes, família, etc.)".

Se por um lado este tipo de cultura "democratizada" faz participar todos os indivíduos, independentemente do seu estatuto social nos valores culturais universais, não é menos verdade que permitiu, particularmente às classes económicas mais baixas, um contacto com realidades culturais que até aqui lhes eram totalmente vedadas (vulgarizou as melhores obras e permitiu o acesso a conhecimentos globais, se e quando deu ao homem as possibilidades de a dominar, de a julgar, de nela participar).

É neste contexto que surge a primeira interrogação: Será que o homem estava preparado para responder e reagir a este desafio?

A resposta é óbvia - claro que não! A realidade prova que o cidadão que mais poderia usufruir das suas vantagens se tornou vítima desta nova "ditadura".

Com ela (cultura de massa) o homem criou falsos valores e mitos, provocadora de um desgaste inútil, o de subjectivar a informação, o de aumentar o condicionamento.

É muitas vezes recebida passivamente (cinema, televisão, revistas, ...), estimula o isolamento - estamos, infelizmente, num ciclo que tem algo de trágico. Como escrevia Thiery Maulnier, "... chegámos a um tal desenvolvimento das forças produtoras, a uma tal relação entre o homem e o poder de produção de que dispõe, que o grande problema agora não é o de retribuir os trabalhadores para que trabalhem, mas o de retribuir o consumidor para que consuma,

O antigo salário pôde conservar o seu nome mas está em vias de mudar de natureza; agora deixa de ser uma remuneração do trabalho, compra da força de trabalho, elemento do custo de produção, para se tornar em distribuição do poder de compra.

A sociedade moderna comandada pela lei da expansão das forças produtoras está condenada a enriquecer os pobres para que estes se tornem compradores.

E aqui aparece a imagem, como alguém lhe chamou do "Novo ópio do Povo" - somos efectivamente uma geração de toxicodependentes de imagens que nos acompanham e atacam diariamente - basta lembrar que actualmente e segundo estatísticas conhecidas, recebemos em média, consciente ou inconscientemente, 1500 mensagens publicitárias por dia.

Falamos do homem auto-proclamado moderno, deste homem consumidor passivo, espectador da sua própria (in)existência pela predominância do audiovisual.

Outro dos aspectos que provocou uma segunda reflexão, tem a ver com a eterna discussão, sempre que surge um novo meio, de saber até que ponto o aparecimento da televisão poderia provocar uma crise no cinema. (se bem que não é tratada neste trabalho de forma explícita).

Só depois da guerra, a indústria cinematográfica compreendeu que, no campo da diversão pública, surgira um rival. Antes os telespectadores limitavam-se a um punhado de entusiastas (havia 20.000 aparelhos na Inglaterra em Setembro de 1939).

Perante esta nova ameaça, Hollywood voltou-se para as produções em écran largo, formato cinemascope, oferecendo ao público grandes sensações que abalassem tanto quanto possível os milhões de pequenas e insidiosas imagens que apareciam aos espectadores caseiros.

Por outras palavras, a televisão alterou radicalmente a posição do cinema nos escassos anos depois da guerra.

Não se pode esperar que a grande maioria do público se preocupe com as diferenças essenciais que entre ambos existem. O cinema custa dinheiro e é preciso sair de casa.

Os hábitos sociais e familiares são completamente alterados. No entanto, mais de cinquenta anos de coabitação vem demonstrar que o público é substancialmente o mesmo. Mas embora o desejo de diversão deva ser idêntico, depressa se habituaram a esperar algo bem diferente da televisão.

A verdade é que esta forma "recente" de expressão popular, esta utilização comercial do génio inventivo do séc. XX, afecta a vida de toda a população do mundo. Afectam a nossa perspectiva, os nossos desejos, a nossa moral social e política. Coloca instrumentos à disposição de certas pessoas suficientemente ambiciosas para os controlar: políticos, empresários, artistas e homens de negócios. Representa a revolução essencial de comunicações que caracteriza e alimenta o nosso século.

Uma terceira reflexão complementar ao ponto 3 - Os Públicos: suas preferências - merece particular atenção no que concerne à relação existente entre a televisão e os jovens em particular.

Perguntemos, em primeiro lugar, quanto ocupa a experiência audiovisual na vida do adolescente de hoje.

Por um inquérito feito pelos serviços italianos da RAI-TV podemos saber que são perto de três milhões os adolescentes (de idades entre os 8 e 13 anos) que assistem diariamente aos programas da TV. Sabendo-se que o adolescente ocupa semanalmente 20 horas a ver televisão, isto é, quase tantas como as que ocupa no ambiente escolar.

A televisão insere-se na vida do adolescente de hoje como uma proposta alternativa à escola, como "uma escola paralela", quantitativamente quase equivalente (se não superior) à escola oficial, qualitativamente mais agradável e eficaz porque menos estruturada e pelo menos, aparentemente, escolhida livremente.

O que inicialmente exerce um fascínio mágico (movimento, luz, som), com a idade, cresce o interesse não só pela imagem em geral, mas também por aquilo que as imagens propõem a nível de conteúdo, cresce o interesse pela narrativa, pela problemática abordada nas diversas transmissões, nos vários filmes, nas bandas desenhadas..., e aqui começa a aparecer o herói tomado como modelo de comportamento: tomamos as mesmas atitudes, exprimimo-nos de igual maneira, vestimo-nos e penteamo-nos imitando-o escrupulosamente. Dele derivam os usos e costumes, as frases feitas, maneiras particulares de proceder em argumentações ou na expressão oral e escrita.

Pensemos finalmente nos influxos "sublimados", fora da percepção consciente que se estratificam insensivelmente e com o tempo entram na esfera do consciente acabando por influenciar o modo de pensar e de agir.

Com os seus programas a televisão tende a nivelar as mentes dos que assistem às transmissões e não podemos também esquecer que, quem dirige a televisão tem prioritariamente objectivos comerciais e neste sentido, forma mentalidades, manipula consciências, tem capacidade de persuasão e de argumentação.

Educar quer dizer contribuir para o desenvolvimento harmonioso de uma pessoa por meio de boas relações com a realidade em que tal pessoa vai vivendo. Assim a educação não pode ser concebida como qualquer coisa estática, à margem da experiência concreta do educando.

Tal responsabilidade, nunca se espere, venha a ser assumida pela televisão.

Finalmente uma quarta reflexão, mais de carácter prospectivo leva-nos ao futuro - à realidade da TV Digital e aos desafios do multimedia.

Num processo de globalização em marcha os mass media tornam-se self media acompanhando uma revolução tecnológica que nos surpreende diariamente.

Mas uma questão se coloca para já - quais serão as faces da televisão interactiva e que condicionantes poderão modificar os seus futuros rumos?

Parece claro que a televisão interactiva não apresenta uma única face, aliás, ainda considerado um "conceito enigmático". No entanto, é pacífico admitir-se que, atendendo à indiscutível proliferação global da Internet, os seus serviços (nomeadamente a WEB) estarão presentes nas várias roupagens que a televisão interactiva assumir.

Complementarmente, o facto da Web não ser estática, permitirá que o desenvolvimento dos seus serviços e conteúdos reflicta a forma como a televisão é utilizada em casa, facilitando o sucesso e a associação destes dois media.

Neste cenário, existem diversos factores que devem ser tomados em consideração nas actividades de investigação conducentes a um amadurecimento do conceito de televisão interactiva.

O diferente perfil tecnológico dos utilizadores também se repercutirá no tipo de soluções que serão desenvolvidas.

Se, por um lado, os actuais utilizadores da rede estão aptos a absorver serviços interactivos, por outro, os utilizadores que se têm mantido como meros telespectadores não estarão receptivos se as interacções com o terminal não forem simples.

A segmentação da televisão tradicional, cada vez mais facilitada no cenário digital, continuará a contar com uma parcela de utilizadores, os mais passivos que preferirão apenas mudar para o canal com que identificam mais os seus interesses, do que uma atitude activa, no sentido de interagirem com o que realmente querem ver.

A consolidação de soluções de televisão interactiva e a sua expansão a um público alargado será um processo não imediato, que decorre em paralelo com experiências realizadas por diferentes operadores como, por exemplo, sofisticados guias de programação electrónicos com motores de busca de conteúdos multimedia.

No entanto, é preciso não esquecer a relação de causa/efeito que aqui se verifica e que tem a ver com a relação de investimentos e de custos (oferta - procura).

Também aqui o futuro se torna mais risonho para quem puder pagar.

No mundo actual somos uma geração de solitários. Tudo contribuiu para esta solidão.

Tomemos o exemplo da TV.

Outrora, para conhecer o acontecimento, bastava descer à rua. Hoje, é preciso entrar em casa. E cada um se encontra sozinho, ou a dois, diante do seu pequeno écran...

1 - NASCIMENTO E EVOLUÇÃO DA TELEVISÃO

A História da Televisão já tem mais de um século.

Com efeito em 1840 efectuaram-se as primeiras experiências sobre o princípio da telegrafia de imagens – desenho. Em 1870, Willoughby Smith comunica à Society of Telegraf Engineers, em Londres, que o seu preparador Joseth May observou um comportamento estranho do selénio quando submetido a determinadas condições. Tinham sido descobertas as propriedades fotoeléctricas do selénio: passagem da corrente eléctrica (em função da zona onde está iluminado) quando submetido a radiação luminosa.

Em Portugal o Prof. Adriano Paiva, da Academia Politécnica do Porto, publica em 1878 uma memória intitulada "A Telefonia, a Telegrafia e a Telescopia".

A descoberta do telefone por Bell, levou este cientista português a colocar a questão: se é possível transformar as ondas sonoras em corrente eléctrica, porque não fazer o mesmo com as ondas luminosas? Assim, surge a utilização do selénio como elemento foto-electroactivo, repescando a descoberta de May, sete anos antes e entretanto caída no esquecimento.

De descoberta em descoberta, chega-se ao Disco perfurado de Nipkow, em 1884. Muito mais tarde, em 1924, John Baird revê e corrige este sistema mecânico e reproduz de uma forma grosseira o rosto humano.

Cinco anos mais tarde, consegue interessar a BBC e realizam-se as primeiras emissões experimentais de meia hora, cinco dias por semana.

A primeira, surgiu em 30 de Setembro de 1929 e demorou apenas dois minutos. Não tinha som e existiam apenas vinte e nove televisores.

Três anos depois foram feitos vários testes com o sistema experimental de 30 linhas, ainda imperfeito, e em 1936 já se podia assistir a uma verdadeira emissão de TV, com o sistemas de 405 linhas. Havia 400 receptores e tinham que estar instalados a menos de 30 milhas do emissor (Brookmans Park, em Londres).

Este salto qualitativo deve-se ao facto dos dispositivos mecânicos terem sido abandonados, devido à sua inércia de dimensões dos furos, e substituídos por dispositivos electrónicos. Estes, só foram possíveis porque em 1897 o físico Ferdinand Braun, inventou uma válvula de raios catódicos. Ao investigar o comportamento dos electrões, verificou que quando estas partículas colidiam com tinta fluorescente, esta se tornava luminosa. Colocando electroímanes e placas electricamente carregadas do lado de fora do tubo, podia focar o raio emitido e obter um ponto de luz brilhante na extremidade fluorescente do tubo. Variando a tensão aplicada aos electroímanes e às placas Braun conseguia movimentar o ponto de luz sobre o écran.

Vinte e seis anos depois, o russo Vladimir Zworykin que trabalhava na Westinghouse, (EUA), produz o primeiro tubo electrónico que funcionava como câmara, e chama-lhe iconoscópio. Se devemos a Zworykin o primeiro tubo electrónico irá funcionar como câmara, é também ele que em 1923, produz o primeiro cinescópio, ou seja, o tubo de projecção de imagens.

O iconoscópio é uma ampola de vidro, na qual se criou o vácuo e se colocou uma placa repleta de pequenos elementos foto-electroactivos na qual se vai projectar por meios ópticos, a imagem a transmitir.

O iconoscópio é aperfeiçoado pelos britânicos e é utilizado pela BBC de 1936 a 39, e em curto período a seguir à Segunda Guerra Mundial. É esta válvula – a Emitron – que permitirá que o desfile da Coroação de Jorge VI, em 1937, seja televisionada e dá-se a primeira reportagem do exterior. Em 1940 começam as transmissões diárias a cores no EUA. É o Dr. Peter Goldmark da Columbia Broadcasting System, que cria um sistema de 343 linhas. Um disco de três filtros – vermelho, verde e azul – rodava em frente ao tubo da câmara. De facto a câmara captava, sucessivamente, uma imagem de cada uma das cores básicas. O receptor tinha um disco semelhante mas maior que girava electronicamente à mesma velocidade do da câmara. Este sistema revela-se um perfeito falhanço e é abandonado.

Em 1949 a RCA (EUA) produz o primeiro tubo shadow – mask o que permite uma televisão a cores totalmente electrónica.

O primeiro gravador de vídeo ou magnestoscópio aparece em 1956 e foi concebido pela Ampex – Corporation, Califórnia, pesava uma tonelada e meia e media quatro metros.

Neste mesmo ano começam em Portugal as primeiras emissões experimentais a Preto e Branco.

1.1 – Registo da primeira emissão televisiva em Portugal

Feira Popular – Lisboa (Setembro de 1956).

A multidão invade a Feira Popular, na enorme expectativa de testemunhar o fabrico das primeiras imagens hertzianas em Portugal, através do vidro que substituiu uma das paredes do estúdio erguido em pré fabricado ou de um dos vinte monitores espalhados no parque de Palhavã. Noutros pontos da grande Lisboa onde se pode captar a emissão (que chega até à margem sul), formam-se idênticas aglomerações frente a montras de lojas de electrodomésticos.

Relatará o Jornal de Notícias: "Na Praça dos Restauradores o movimento foi além do que era de esperar e, por isso, parou o transito e criaram-se dificuldades que a PSP requisitada para tal, resolveu ordenando a abertura de um (canal) – não de TV mas de caminho para carros e pessoas poderem circular". (cf. Anexo III)

Os astros agora são da TV. João Villaret cria a liturgia dos domingos, declamando teatro, e sobretudo poesia. Henrique Mendes, o locutor estrela, recebe milhares de cartas de admiradoras cada ano. Maria de Lurdes Modesto detém segredos da culinária...e da comunicação. Manuel Machado fala da língua sem aspereza. Artur Agostinho é o rei dos concursos. José Alves dos Santos faz a pedagogia do futebol. Há revelações...e consagrações, como a de Vasco Santana, com a anedota da semana. O teatro, iniciado por Rui de Carvalho com o vicentino Monólogo do Vaqueiro ganha ritmo semanal. Entre os locutores pioneiros, Maria Helena Santos, Gina Esteves, Jorge Alves, Fernando Pessa, Gomes Ferreira e Fialho Gouveia. (cf. AnexoIV)

Começa aqui a verdadeira história da Televisão em Portugal.

2 – TELEVISÃO PÚBLICA, TELEVISÃO PRIVADA

2.1 – Estado Novo – A Censura

É tão importante dizer à população o que pensar como apagar tudo sobre o que não deve pensar. A censura prévia exercida na imprensa escrita, na rádio, no cinema acompanha com particular atenção este novo fenómeno chamado televisão.

A nomeação, como o primeiro presidente da RTP, de um responsável da União Nacional e amigo de Caetano, Camilo de Mendonça, e de um integralista, Domingos de Mascarenhas, como director de programas denuncia em parte a intenção do regime em controlar o único canal público existente em Portugal.

Aos "consultores literários" (eufemismo para censores) cabe zelar pelo bom comportamento da empresa, devendo (segundo directiva da administração) "decidir sobre a conveniência de todos e quaisquer textos e programas sob os aspectos moral e político – social e, bem assim, combinar com o chefe de serviços de produção quais as condições (garantias dadas pelos entrevistados e entrevistadores ou decorrentes da natureza dos temas) em que poderão levar-se a efeito programas mais ou menos improvisados, tais como, entrevistas, mesas redondas, etc).

Para que não restem dúvidas sobre as obrigações da RTP, o primeiro discurso de Salazar a ser transmitido em directo é a abertura da campanha eleitoral de 1958 para a Presidência da República, oportunidade negada à oposição.

Para Salazar a ideia da TV é vista com relutância, o Presidente do Conselho acha dispensável essa inovação tecnológica de que tanto se fala lá fora, a Televisão – "uma janela aberta por onde entra o cosmopolitismo, capaz de corromper o povo com outras ideias e apagar a identidade nacional. Já, Marcelo Caetano, seu Ministro da Presidência, julga tão vasto o fenómeno que o país só perderá se o ignorar. É só em 1955 que Caetano, já no executivo, forma uma comissão de estudo de execução do projecto. O projecto RTP vem a realizar emissões experimentais em Setembro de 1956 no recinto da Feira Popular.

Um receptor custa nesta altura entre Esc. 5900 e 7800 – oito a nove meses de salário de um trabalhador não qualificado. Em menos de um mês são registados por populares mil aparelhos. Mas os preços descem com o alargamento do mercado e as vendas disparam: até ao fim de 1958 há no país 32 mil televisores, oito vezes acima da previsão inicial. Um inquérito feito no ano seguinte pela RTP revela que três em quarto espectadores em Lisboa (e dois em cada três no Porto) já vêm TV em casa, enquanto na província quarto em cada cinco ainda o fazem em lugares públicos. Se o país já está rendido à televisão o ecrã catódico começa a sair dos espaços colectivos para tomar conta dos lares portugueses.

Também em termos informativos a censura impede os portugueses de saber o que se passa na frente (Guerra Colonial). Só chegam notícias de heróicas acções de pacificação e, pela TV, mensagens de Natal e da Páscoa balbuciadas frente às câmaras por soldados inexperientes no uso da palavra pública.

Mas a grande novidade recreativa das massas continua a ser a televisão.

Multiplicam-se na RTP os programas de palestras. Não sendo muito televisiva, é o tipo de produção mais barata que se pode desenvolver em qualquer estação, fornecendo além disso um tom de seriedade e empenhado serviço público. Como falta alternativa, não existe, de qualquer modo, o perigo do telespectador mudar de canal.

Como impulsionador da RTP, Caetano sabe do potencial político do tubo catódico. Em Janeiro de 1969, para "conversar directamente com as pessoas, sem formalismos nem solenidades", inicia na TV a suas "Conversas em família". (cf. Anexo VI)

A abertura passa pelo pequeno ecrã. Na canção Desfolhada, e censura deixa passar o polémico verso "Quem faz um filho fá-lo por gosto". Ainda em 1969, no talk – show Zip-Zip, de Raul Solnado, Fialho Gouveia e Carlos Cruz, põem o país colado ao aparelho pelo ineditismo de temas e abordagens.

Sente-se que a mudança está para breve embora a actuação da censura em Portugal funcione de forma activa até às vésperas da "revolução dos cravos".

Tendo-se apresentado como renovador do regime, Marcelo Caetano chegando aos anos 70 caminha cada vez mais depressa para o beco e com ele chega ao fim um regime ditatorial que impôs ao País.

2.2 – 25 de Abril de 1974

Data de todas as mudanças

Num único dia -25 de Abril de 1974 - toda a história muda em Portugal. A tal ponto que os anos 70 se condensam e resumem nesta jornada, data que imprime a sua marca a todas as facetas do decénio, qualquer que seja o capítulo a considerar.

Para a memória das gerações que o atravessam, há um "antes" e um "depois" do 25 de Abril, fronteira entre dois mundos que dir-se-ia nunca se terem encontrado, duas vidas que parecem vividas nos antípodas da existência. É porém a mesma gente, o mesmo território, a mesma comunidade, o mesmo país, que ora está deprimido antes, ora acorda eufórico depois, a aparentar um estado próximo da esquizofrenia.

São inúmeras as frustrações acumuladas ao longo de décadas, que podem agora ser resolvidas nos campos mais variados e das quais se destacam: desaparição do medo, liberdade de expressão, extinção da censura, particularmente, nos órgãos de comunicação social .

A liberdade é uma promessa do MFA, que os cidadãos praticam muito para além dos planos iniciais do novo poder. Por receio seja de excessos, seja de perder o controlo das coisas, esse direito está condicionado a doses limitadas. Uma comissão ad-hoc para os órgãos de informação e os espectáculos, criada por Spínola em inícios de Junho de 1974, aplica multas e suspende jornais por alegada incorrecção em notícias e comentários.

Também a televisão não escapa a este novo tipo de censura à posteriori - suspensão da transmissão televisiva das cerimónias de 10 de Junho de 1974,no momento em que o grupo teatral A Comuna caricaturava as principais figuras do regime deposto e o cancelamento da transmissão do concurso "Miss Portugal".

Gabriela introduz em 1977 a telenovela brasileira aos portugueses, que a partir daí não querem outra coisa. O país cola-se ao ecrã no jantar, e não há telefonemas até ao fim do episódio. Passava a época das infindáveis mensagens políticas, há agora primazia ao entretenimento. Faz sucesso o Regresso da Cornélia, concurso apresentado por Raul Solnado onde se revelam insuspeitados talentos amadores. O consagrado Nicolau Breyner emparelha nas rabulas do Senhor Feliz e do Senhor Contente com um cómico novato chamado Herman José. O segundo canal da RTP autonomiza-se em 1988, mas a empresa mantém o monopólio da TV, O governo não autoriza em 1977 a RTP a emitir a cores; a grande novidade chega por fim em Março de 1980.

2.3 – Os Canais Privados em Portugal

Em Outubro de 1992, surge em Portugal o primeiro canal de televisão privada – SIC (Sociedade Independente de Televisão) cujo o principal accionista é Ex. Primeiro – Ministro Social – Democrata, Francisco Balsemão, proprietário de um grupo de imprensa que incluí o semanário Expresso.

A primeira grelha da SIC, à base de conversas mais ou menos intelectuais, releva-se um fracasso público, o que leva a estação a alterar a sua estratégia para satisfazer os seus objectivos essencialmente comerciais. A nova receita, potenciada pelo exclusivo das telenovelas brasileiras da TV Globo, eleva em pouco tempo um novo canal campeão de audiências, chegando a ser vista em média diária por metade dos telespectadores. Como dirá depois o seu director, Emídio Rangel, "quando o público gosta, não há nada a fazer".

O populismo televisivo da SIC, face à base de horas de emissão com os cantares de música "pimba" (já promovidos a estrelas nacionais), de programas de amadores imitando os músicos profissionais, de concursos com conteúdo e desafios insólitos e eventualmente escatológicos e da revelação da vida íntima de gente anónima.

O segredo consiste em abrir os estúdios à participação popular: já não são as elites a fazer programas para o povo, antes o povo a comunicar consigo mesmo, na estética e na linguagem que são as suas. É a democracia levada à TV, dizem os defensores desta prática, enquanto os cépticos falam em perversão idêntica à da democracia directa.

A SIC só é vencida quando, ao pretender elevar a sua programação para atingir camadas mais sofisticadas, se deixa ultrapassar pela outra estação privada, a TVI (Televisão Independente), que em 2000 leva idêntica lógica ao extremo no programa Big Brother, espiando 24 horas por dia todos os passos (por mais íntimos que sejam) de um grupo de jovens seleccionados pela ausência de qualidades e enclausurados durante meses (sendo expulsos um a um por votação popular).

Em nome da liberdade de expressão, a TV privada emerge como um poder que nada nem ninguém pode ou consegue travar, por muito duras que sejam as críticas. Em 1995, o Programa da SIC – A Máquina da Verdade – onde gente envolvida em processos judiciais se deixa submeter a um detector de mentiras, levando a possíveis conclusões diferentes das dos tribunais, recebe a condenação unanime do Parlamento, mas a estação leva-o a sério até ao fim. Pouco depois o mundo político eleva-se de novo contra a difusão pelo mesmo canal de falsas notícias envolvendo a vida privada de um governante, a pretexto do lançamento do concurso A Cadeira do Poder. E a equipa de jornalistas da TVI está no centro da tormenta ao reportar a vida dos concorrentes do Big Brother, que ultrapassam em importância informativa temas "menores" como a crise do Governo português, o debate sobre o futuro da Europa, as eleições presidenciais nos Estados Unidos da América, ou até a corrida para Belém.

A discussão ignora outras práticas introduzidas pelas estações privadas de cujas vantagens poucos duvidam. A informação televisiva torna-se mais crítica, inconformista e independente do poder; a linguagem e o estilo de produção modernizam-se; a técnica aumenta de qualidade; os actores têm mais trabalho do que nunca; e o apoio das estações de TV ao cinema leva mais pessoas às salas (dois filmes realizados por Joaquim Leitão, Adão e Eva, em 1995, e Tentação, em 1997, com comparticipação financeira promoção da SIC, tornam-se as fitas portuguesas mais vistas de sempre no grande ecrã pelo público nacional, respectivamente com 254 925 e 361 312 espectadores).

Os críticos dirão que a informação cede ao sensacionalismo, que o estilo e a técnica de produção se aplicam a programas sem valor, e o trabalho dos actores é ligeiro e que os filmes apoiados pela TV privada são desinteressantes. Mas não são opiniões que os responsáveis televisivos tenham em grande conta.

Produtores, actores e apresentadores de TV tornam-se das profissões mais bem pagas em Portugal, por vezes só suplantadas pelos futebolistas. O futebol polariza aliás as paixões da multidão, fenómeno que se reflecte na expansão dos jornais desportivos e programas televisivos especialmente dedicados a esta modalidade.

As privadas não são os únicos novos canais nos anos 90: com a TV Cabo alarga-se a oferta (desde que paga) a uma multiplicidade de emissões especializadas

Televisão

Não se pode dizer precisamente quem inventou a televisão, pois vários cientistas contribuíram de uma forma ou de outra para a invenção. Na década de 20, a grande busca dos cientistas era tentar agrupar e transmitir as ondas sonoras, que já haviam conseguido, com a invenção do rádio; com a imagem em movimento. Em 1926, o escocês John Logie Baird tentou fazer isso, conseguindo apenas uma imagem muito ruim de uma cabeça humana. De fato, a primeira televisão da história surgiu em janeiro de 1928, em Nova York, por meio do sueco Ernst F. W. Alexanderson, engenheiro da General Eletric.

Essa primeira transmissão aconteceu para apenas três casas. Após alguns meses, com o aumento da experiência da GE com o sistema, os elementos básicos de uma televisão foram implantados.

Os primeiros aparelhos de televisão nada mais eram que rádios com um disco giratório mecânico que produzia uma imagem do tamanho de um selo postal. O primeiro serviço de alta definição foi surgir só na Alemanha, em 1935, na intenção de transmitir as Olimpíadas de Berlim, talvez o primeiro grande evento passado nas telinhas.

Devido aos avanços tecnológicos e econômicos que o mundo presenciou após a Segunda Guerra Mundial, a televisão ganhou grande popularidade. Até esse momento, toda a imagem era em preto e branco. A televisão em cores surgiu nos Estados Unidos, em 1954, e era baseada em uma tecnologia que não exigia alterações nos aparelhos antigos em preto e branco para reproduzir as imagens coloridas.

Atualmente, a sensação é a TV digital, que através de formas de modulação e compressão de imagens, permite um enorme aumento da qualidade de imagem e nitidez.

Televisão (do grego tele - distante e do latim visione - visão) é um sistema eletrônico de recepção de imagens e som de forma instantânea. Funciona a partir da análise e conversão da luz e do som em ondas eletromagnéticas e de sua reconversão em um aparelho - o televisor - que recebe também o mesmo nome do sistema ou pode ainda ser chamado de aparelho de televisão . O televisor ou aparelho de televisão capta as ondas eletromagnéticas e através de seus componentes internos as converte novamente em imagem e som.

istória

Um modelo de televisão de 1958.

Em 1923 Vladimir Zworykin registra a patente do tubo iconoscópico para câmaras de televisão, o que tornou possivel a televisão eletrónica. O primeiro sistema semi-mecânico de televisão analógica foi demonstrado em Fevereiro de 1924 em Londres, e, posteriormente, imagens em movimento em 30 de outubro de 1925. Um sistema eletrônico completo foi demonstrado por John Logie Baird e Philo Taylor Farnsworth em 1927. O primeiro serviço analógico foi a WGY em Schenectady, Nova Iorque, inaugurado em 11 de maio de 1928.

Os primeiros aparelhos de televisão eram rádios com um dispositivo que consistia num tubo de néon com um disco giratório mecânico (disco de Nipkow) que produzia uma imagem vermelha do tamanho de um selo postal. O primeiro serviço de alta definição apareceu na Alemanha em março de 1935, mas estava disponível apenas em 22 salas públicas. Uma das primeiras grandes transmissões de televisão foi a dos Jogos Olímpicos de Berlim de 1936. O uso da televisão aumentou enormemente depois da Segunda Guerra Mundial devido aos avanços tecnológicos surgidos com as necessidades da guerra e à renda adicional disponível (televisores na década de 1930 custavam o equivalente a 7000 dólares atuais (2001) e havia pouca programação disponível).

Televisão dos anos 50.

A televisão em cores surgiu em 1954, na rede norte-americana NBC. Um ano antes o governo dos Estados Unidos aprovou o sistema de transmissão em cores proposto pela rede CBS, mas quando a RCA apresentou um novo sistema que não exigia alterações nos aparelhos antigos em preto e branco, a CBS abandonou sua proposta em favor da nova.

Em 1960 a japonesa SONY introduz no mercado os receptores de televisão com transistores. O satélite Telstar transmite sinais de televisão através do Oceano Atlantico em 1962. A miniaturização chegou em 1979 quando a Matsushita registou a patente da televisão de bolso com ecrã plano.

No Brasil, a primeira transmissão de televisão deu-se por conta do leopoldinense Olavo Bastos Freire, que construiu os equipamentos necessários e transmitiu uma partida de futebol em 28 de setembro de 1948, na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais.

[editar] Tipos de televisores

A televisão em sua forma original e até hoje mais popular, envolve a transmissão de som e imagens em movimento por ondas de radiofrequência (RF), que são captadas por um receptor (o televisor). Neste sentido, é uma extensão do rádio.

Tendo início na década de 1920, a televisão moderna se divide em três tendências distintas:

  • Aparelhos de televisões somente.
  • Sistemas integrados com aparelhos de DVD e/ou vídeo-game montados no próprio televisor (geralmente modelos menores com telas até 17 polegadas, pois a idéia é ter um sistema portátil completo);
  • Sistemas independentes com tela grande (monitor de vídeo, rádio, sistema de som) para o usuário montar as peças como um home theater. Este sistema interessa aos videófilos e cinéfilos que preferem componentes que podem ser trocados separadamente.

Há vários tipos de monitores ou ecrãs de vídeo usados em equipamentos de televisão modernos. O mais comum são os CRTs para até 40 polegadas diagonais. A maior parte das televisões de tela grande ou ecrã grande (até mais de 100 polegadas) usa tecnologia de projeção. Três tipos de sistemas de projeção são usados em televisão : Tubos de raios catódicos (CRT), LCD (cristal líquido) e circuitos integrados (chips ) de imagem refletida. Avanços recentes trouxeram telas planas ou ecrãs planos aos televisores que usam tecnologia de cristal líquido LCD de matriz ativa ou displays de plasma. Televisores de tela ou ecrã grande e plano têm apenas 4 polegadas de espessura e podem ser pendurados na parede como um quadro. Os televisores de LCD e Plasma de hoje possuem em média 7,5 cm de expessura e telas que variam de 3,5 a 65 polegadas. Em 2008 foi lançada a DTV Portátil, com tela de 3,5 polegadas e sintonizador de TV Digital. Muitas marcas atualmente já implantaram decodificador digital nas TVs e utilizam de resoluções Full HD.

Modelo TV ECCO da Lumines.

Novas tecnologias estão aparecendo, algumas delas são:

  • LED TV, da Samsung - Televisores com 3 cm de espessura e ecologicamente corretas.
  • USB In, da Philips - Televisores com entrada USB para filmes, músicas e fotos sem precisar de DVD Player.
  • DTV BuiltIn, da LG - Conversor digital integrado na TV.
  • Invisible Screen, da Lumines (TV em que a tela só aparece depois de ligada.)
  • Touch Interface, da Lumines (TV com todas as partes sensíveis ao toque.)
  • Bravia Engine, da SONY (Imagens mais realistas, principalmente em movimento.)
  • Full HD 1080p (1920 x 1080 pixeis em imagens progressivas), a mais alta resolução disponível em TVs, (Normalmente LCD ou plasma.)
  • Entradas HDMI e DVI (Para conexão de equipamentos de vídeo de alta definição.)

[editar] Teledifusão

Televisores funcionando dentro de um ônibus municipal de Belo Horizonte.

Há vários tipos de sistemas de teledifusão:

A programação é a transmissão nas estações de televisão (por vezes chamada de canais) que são frequentemente dirigidos a uma determinada audiência. Há muitas notícias, desporto (esportes), estações de filmes e estações tais como as cadeias da MTV, da CNN e da BBC que são vistas por diversos países.

Nos Estados Unidos da América, as redes de televisão produzem programas primetime (horário nobre) para suas emissoras próprias ou afiliadas veicularem entre 19:00 e 23:00. Fora do horário nobre, a maior parte das emissoras têm sua programação de produção própria.

[editar] Gêneros televisivos